domingo, 23 de fevereiro de 2014

Depois da Tempestade

E, entrando no barco, atravessaram o mar em direção a Cafarnaum; e era já escuro, e ainda Jesus não tinha chegado ao pé deles. E o mar se levantou, porque um grande vento assoprava. E, tendo navegado uns vinte e cinco ou trinta estádios, viram a Jesus, andando sobre o mar e aproximando-se do barco; e temeram. Mas ele lhes disse: Sou eu, não temais.
Então eles de boa mente o receberam no barco; e logo o barco chegou à terra para onde iam.” (João 6:16-21) 

 

Recorrendo a outros textos contando esta mesma história, vamos perceber o tempo que durou os acontecimentos da multiplicação dos pães e peixes, Jesus andando sobre as águas e revelando sua missão.

Digo depois da tempestade porque ninguém é a mesma pessoa depois de uma tempestade, seja ela real ou metafórica. Por isso quero mostrar o quanto aquele momento se tornou promissor e privilegiado para aqueles discípulos. Para ter a experiência que tiveram, eles não podiam estar em outro lugar, não podiam estar em terra firme. Porque Jesus não andou sobre águas calmas? Para mostrar que as tempestades ativam o socorro de Deus em nossa direção.

Os acontecimentos ocorreram em um período de quatro vigílias: Ao cair da tarde (Mateus 14:15, João 6:16) se refere a primeira vigília, entre 18h e 21h, ou viração do dia, período em que o Senhor falava com Adão. No período da segunda e terceira vigílias, entre 21h e 03h seria o momento em que Jesus estaria orando. Já no dia seguinte (João 6:22, Mateus 14:25), a quarta vigília, entre 3h e 6h, o período da tempestade. Você vai perceber que Jesus está construindo uma base para levá-los para um nível avançado.

Como subir e descer sem perder a posição? Posição não depende do lugar, mas sim do estado favorável ou desfavorável que criamos em nossa mente, em nosso espírito, é um estado de fé. Os discípulos contemplaram algo tão sobrenatural que não só estavam em lugares altos, como em um estado alto, favorável, confiante, um estado espiritual de êxtase, um momento onde eles enfrentariam qualquer desafio a partir do que viram ser capaz de fazer o seu Senhor.

Temos que entender que na montanha foi um cenário para provisão que provocou uma grande surpresa. Por isso não existem milagres repetidos. A ação divina é resultado do ambiente, por isso não espere Deus fazer as mesmas coisas que foram feitas em seu passado se o ambiente e atmosfera estão diferentes. No próprio texto de João 6 vemos que um novo cenário, um novo ambiente se formou: a tempestade.

Veja que a multidão volta para o próximo sinal. Eles estavam ali esperando o que ia acontecer como se fosse um cardápio para ser escolhido. Não espere ter uma igreja que tem um cardápio de opções para você escolher, porque o milagre do azeite foi multiplicar o azeite, da farinha foi multiplicar a farinha, dos pães e peixes foi de multiplicar os pães e peixes, então não espere Jesus multiplicar o que você não oferece. Seu ministério é resultado do que você entrega nas mãos do Senhor. A multidão estava esperando Jesus, não pelo que Ele era, mas pelo que Ele deu. Pare de olhar para o milagre e sim para a verdade que ele aponta. Cada milagre é um sinal e um sinal aponta para uma verdade.

Jesus queria passar o sentido real de uma conquista, de uma resposta divina. A palavra milagre é a mesma de Sinal e vem do termo Semeion - uma marca que te faz único, diferente de outros. O mais importante do sinal é o depois, a marca que ele deixou em você. Depois que Davi matou Golias ele foi marcado, passou a ser um matador de gigantes. O diabo conhece o teu nome, mas te chama pelo teu pecado. Deus conhece o teu pecado, mas te chama pelo teu nome. Quando algo está selado significa que é inviolável. Você não pode abrir o que não foi direcionado a você. Selo não é força, é segurança. Deus o selou e o endereçou para suas boas obras para que satanás não viole o selo.

Ao relatar o momento da tempestade vemos que o texto fala que já se fazia escuro e Jesus ainda não viera ter com os discípulos e o mar começava a ficar agitado. Além do sentido literal que de ausência de luz, o escuro é uma metáfora a ignorância das coisas divinas. Não se trata apenas de uma condição física, mas de uma condição da alma, de um estado mental, da fisiologia, de uma alma endurecida. Depois da multiplicação dos pães e de ver Jesus andando sobre as águas, eles já não estavam mais no escuro.

O que vai te assustar ou te deixar perplexo não é a tempestade que você está vivendo, mas a tamanha manifestação de Deus, que vai te selar, que vai te marcar. Se você está no meio de uma tempestade é porque você saiu do nível da necessidade do pão, de algo que perece, e entrou no nível do sinal que vai lhe marcar. A questão não é ter problemas ou não, a questão é qual o nível deles. Deus quer lhe dar problemas que sejam resultado de uma causa nobre que vai mudar a vida de pessoas, e não viver em torno da necessidade do comer e do vestir.